Este é o primeiro texto sobre a ansiedade de separação em cachorros de uma série sobre esse assunto que pretendo fazer aqui no blog.
Vou falar sobre as duas teorias mais conhecidas e os sintomas que o cachorro apresenta.
Índice
Na segunda parte vou falar da importância de você tratar a ansiedade de separação como ansiedade. Além disso, o conteúdo explica que existe uma grande diferença entre o que você enxerga e o que o cão enxerga em determinadas situações.
ANSIEDADE de separação
Coloquei a palavra – ansiedade – em caixa alta por um grande motivo. Advento as duas teorias que apresentei no primeiro texto, muitas pessoas não dão a devida importância a palavra e ao que ela significa. Entender o que é ansiedade e passar isso para o nosso mundo pode te ajudar a entender como isso acontece no universo canino. Segundo Michaelis
an.si.e.da.de
sf (lat anxietate) 1 Aflição, angústia, ânsia. 2 Psicol Atitude emotiva concernente ao futuro e que se caracteriza por alternativas de medo e esperança; medo vago adquirido especialmente por generalização de estímulos. 3 Desejo ardente ou veemente. 4 Impaciência, insofrimento, sofreguidão.
O que muitas pessoas relutam em aceitar é que ansiedade tem o mesmo significado tanto para os cachorros quanto para os humanos.
Quando estamos ansiosos, ou seja, quando sentimos aflição, angústia e ânsia como diz o dicionário, a primeira coisa que fazemos, por instinto é tentar ficar calmo. Respirar fundo e se concentrar em outra coisa. Normalmente só ficamos realmente calmos quando o estresse vai embora, quando a situação se resolve.
Os cachorros agem e sentem da mesma forma. Em todos os casos o que menos precisamos é de pessoas falando ao seu pé do ouvido nos deixando mais nervosos, aumentando a nossa ansiedade. E para eles nós fazemos o papel da pessoa que fica falando ao pé do ouvido os deixando malucos e é isso que temos que consertar. Isso acontece muito porque o nosso dicionário é muito diferente do deles.
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Destrinchando o dicionário canino – nada é o que parece.
O que é “bicha” para você? em Portugal esse termo significa fila, pessoas enfileiradas. Um pouco diferente do que nós entendemos quando alguém usa esse termo por aqui não é mesmo? Morar em Portugal certamente acarretaria em um processo de adaptação longo a fim de aprender as diferenças de todos os termos da língua portuguesa.
Os cães passam por esse período de adaptação a sua vida inteira, pois, a nosso “dicionário” é muito diferente do deles. Muitos “termos caninos” são frequentemente confundidos com “termos humanos”.
Duas palavras iguais nos dois países tem significados totalmente antagônicos. O problema é que os cachorros não tem a capacidade de compreensão que nós temos. O fato é que cabe aos humanos o estudo da língua canina.
Muito dos problemas caninos é pela falta de compreensão da linguagem canina, inclusive a ansiedade. Para nós o que parece felicidade para eles é ansiedade.
Um exemplo de confusão linguística é a demonstração de afeto. Ela pode ser muito boa enquanto o cachorro estiver calmo. Porem, a nossa primeira reação ao chegar em casa é os oferecer carinho e atenção a fim de compensar o dia passado longe, quando o cachorro está totalmente histérico diante da nossa chegada.
Para os peludos esse comportamento é entendido como emoção após abandono/angústia. Agora olhe novamente para o quadro da definição de ansiedade “ponto 1”. É isso mesmo, você está alimentando a ansiedade do cão.
Meu cão foge e agora?
Entenda: se ele acha que você vai “abandoná-lo” (teoria 2) – “ficar em perigo” (teoria 1), quando se despedes o cão começa a sofrer por antecipação. Para ele você pode não voltar mais e então começa a agir de forma a chamar a sua atenção. Em alguns casos mais graves o cão pode até morder o próprio dono para que ele não saia de casa.
“Quando chegamos é normal os cães fazerem festa e literalmente gritar pela sua chegada. Apesar de ser muito bonito, isso demonstra uma grande ansiedade e o pior que podemos fazer é aumentá-la. Pense que o cachorro está pensando assim “Eu estava desesperado! Pensei que eu não ia te ver mais! Graças a Deus você não me abandonou” e quando há reciprocidade, você está dizendo sim para todas as preocupações. Quando você ignora, você está dizendo “Não se preocupe, isso acontecerá mais vezes e eu voltarei sempre. Acostume-se.” Só quando se acalmar, faça carinho.”
Isso vale não somente para o momento da chegada como qualquer outro onde o cão apresente sinais de ansiedade, como na hora da comida, antes de sair para passear, chegada de visitas entre outros.
Outra grande lição da ansiedade humana que nós podemos passar para a ansiedade canina é a confiança. É notório que pessoas mais confiantes demonstram ser menos angustiados. Quando estamos confiantes em nossas habilidades ou no médico que realizará cirurgia de um ente querido, por exemplo, na nossa cabeça, as chances de sucesso são muito maiores. Assim a nossa ansiedade tende a diminuir. Ou seja, quanto mais confiante NÓS fomos menos ansiosos ficamos. É algo totalmente natural tanto para nós quanto para os cachorros.
Portanto é muito importante que você estabeleça uma linha de confiança contínua e ininterrupta.
Como fazer o cachorro parar de pular em você
Ainda entrelaçando realidades humanas com caninas no âmbito da confiança. É nítido que pessoas independentes são em disparado mais confiantes não é verdade? Bem para os cachorros, nesse caso é imprescindível quebrar a asa da mãe.
Cachorros que ficam perseguindo a sua sombra até no banheiro e ficam chorando a porta fechada devem ser muito bem observados. Nesses casos é importante mostrar ao cão a sua independência de forma muito divertida, com reforço positivo. O que nós vamos ver no próximo texto.
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Eu sou Gabriel, tenho 28 anos e sou veterinário. Eu adoro animais e vivo no interior de São Paulo. Meu objetivo é compartilhar conhecimentos sobre animais com as pessoas que se interessam por eles.